UFMA lidera ranking nacional dos universitários que não leem nada

15/08/2011 11:20

 

 

Colunistas - HUGO FREITAS

Sáb, 13 de Agosto de 2011 22:10

 

Hugo Freiitas
Maranhão Hoje

   Dados divulgados pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e publicados pela         Revista Época mostram que os universitários brasileiros não leem muito.
   Segundo a pesquisa, feita com 19.691 estudantes de graduação de universidades federais de todo o país, o estudante do ensino superior brasileiro lê de um a quatro livros por ano, com os índices variando para menos nos Estados mais pobres e para mais nos Estados mais ricos.
  
   Na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), 23,24% dos estudantes não leem um livro sequer durante o ano. Numa realidade diametralmente oposta, os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) são ávidos por leitura: 22,98% deles leem geralmente mais de dez livros por ano. No Maranhão, um dos Estados mais pobres do país, esse índice é de apenas 5,57%.
  
   Os números da Andifes mostram também outras realidades do universitário brasileiro: a partir do cruzamento de dados, foi possível mapear e distinguir os cenários regionais no tocante a hábitos de leitura, frequência a bibliotecas, domínio de língua inglesa e uso de tabaco, álcool, remédios e drogas não lícitas.
   A UFMA, que lidera o ranking dos universitários que não leem nada, ficou em quarto lugar entre os menos assíduos à biblioteca da universidade - 28,5% dos graduandos não a frequentam. O primeiro lugar nesse quesito ficou com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio): metade de seus alunos esnoba o espaço.
 
   Deixando de lado os aspectos técnicos e o espaço amostral da pesquisa, a realidade dos universitários brasileiros ainda é muito sofrível. O hábito da leitura não faz parte da rotina diária da maioria dos estudantes. E, para piorar, dentre os estados mais pobres, o índice dos que não leem nenhum livro é bastante alto.
   Isto leva à constatação de que a pobreza ainda é o principal indicador que atravanca o desenvolvimento social dos brasileiros, trazendo consigo uma peia de características fenotípicas e de fatores histórico-culturais que colocam os pobres sempre em condição inferior aos ricos, como desestruturação familiar, péssimas condições de moradia, ingresso em escolas públicas mal estruturadas e com ensino precário, professores mal remunerados e desmotivados, além de outros fatores complicadores que incidem diretamente no rendimento e no interesse pelos livros por parte dos universitários menos abastados.
   Dos alarmantes números revelados pela supracitada pesquisa é possível supor que, além da condição de pobreza, está cristalizada na mentalidade coletiva dos universitários brasileiros uma certa "cultura do imediatismo", uma vez que diante do acesso ao ensino superior e, consequentemente, às bibliotecas (já que a compra de livros deve ser ainda mais rara), a busca pelo diploma e pelo rápido ingresso no mercado de trabalho suplanta o gosto pela leitura e pelo aprendizado de qualidade.
 
   Contudo, tal característica não é exclusiva dos estudantes de universidades públicas e, muito menos, somente de alunos pobres. Que o digam as inúmeras faculdades particulares que pululam por todo o Maranhão, por exemplo, como verdadeiras "fábricas de diplomas", cujos alunos raramente constam nas listas de aprovados nos exames e concursos a que se submetem.
   A preocupação mesmo é com a qualidade desses futuros profissionais que sairão das universidades nos próximos anos, já que serão eles os novos médicos, advogados, engenheiros, professores, etc, que estarão por aí oferecendo seus serviços de, no mínimo, qualidade duvidosa.
   Se os livros são um dos principais alicerces para a construção de um país, o hábito pela leitura deve ser estimulado desde os primeiros passos, a fim de que possamos ao menos projetar melhores perspectivas.
 

 

Texto Adaptado por: Hélio Júlio-UFMA/ Comunicação-COEMEG




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